No dia 21 de maio de 2010...
Planejei dois exercícios para serem feitos na aula e combinei com os alunos a sequencia deles: "Primeiro faremos um jogo mais tranquilo e depois um mais agitado".
O primeiro foi um jogo provocador de Viola Spolin: Exposição.
No teatro este exercício tem a finalidade de mostrar a importância de ter um foco, um objetivo na cena, para que o aluno/ator sinta-se seguro.
A turma estava agitada e barulhenta neste dia e perdemos muito tempo no primeiro jogo.
Decidi, então, que não faríamos o segundo, que todos estavam esperando anciosos.
Os alunos reclamaram, ficaram chateados...
Então perguntei o motivo que os levou a achar a aula chata e de quem seria a responsabilidade.
A turma chegou a conclusão de que não fizeram o segundo exercício que eles queriam, pela própria falta de disciplina.
Nas aulas seguintes observei uma mudança de comportamento, os alunos se cobram mais e realmente estão mais disciplinados e organizados.
O núcleo de pesquisa, antes do inicio do projeto, havia discutido que uma coisa dita muitas vezes torna-se inaudível. Compreendi que eu não precisava pedir constantemente por silêncio e disciplina, eles perceberam, na prática, a importância disso. A pedagoga e psicóloga Elizabeth Monteiro (2009) refere-se a esse assunto: "
A obediência deve nascer da compreensão daquilo que (...) se exige e da qualidade do vínculo afetivo, nunca da imposição da autoridade ou do medo."E ainda como já bem dizia Aristóteles, não há nada na idéia que antes não tenha passado pelos sentidos, pela experiência.
O teatro como instrumento pedagógico possibilita que o aluno aprenda na prática, antes de ser encharcado de teorias, regras e conceitos. A experiência possibilita a compreensão e a criticidade, elementos fundamentais no processo de aprendizagem.
Minha conclusão está no sentido de que na educação, assim como no teatro, "
A ação substitui a falação"(SPOLIN, 2003) e de que o professor deve planejar sua aula, mas estar aberto ao que acontece no momento.
Estamos, realmente, tomados pelo pensamento objetivo e sistemático da ciência, mas o educador deve ter consciência de que o homem não se traduz em matemática. (FOUCAULT, 1999)
Julliana Soares